quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sugestões de leitura

A professora Cristina Amaro fala de um livro que marcou a sua adolescência.



            Tinha onze anos quando recebi como presente O Diário de Anne Frank e, mal iniciei a sua leitura, não consegui parar, passando todo o fim de semana com este extraordinário relato da vida duma jovem um pouco mais velha do que eu, mas que tinha sido impedida de viver por ser judia. Obrigada pelo Nazismo a fugir da sua casa e a abandonar a sua escola e os seus amigos, Anne vive alguns anos escondida num cubículo, na Holanda. Vive, com os pais e a irmã, permanentemente com medo, pois se forem encontrados é a morte que os espera. Coloca no papel – o seu diário – os seus receios, as suas interrogações e os sentimentos de qualquer adolescente da sua idade.
     Este livro marcou-me, talvez por ser um relato na primeira pessoa e em que a escritora/protagonista tinha as mesmas inquietações do que eu, jovem a entrar na adolescência. Este livro despertou-me para a necessidade de lutar por ideais, de intervir na sociedade, para que horrores como o nazismo nunca mais voltassem a acontecer. Li o livro antes do 25 de Abril. Em Portugal vivia-se numa ditadura e o país estava em guerra,  a guerra colonial, uma guerra injusta. Senti o medo da Anne como próximo, pois em Portugal também se vivia com medo, embora num grau diferente. Ao longo da minha adolescência voltei a ler o livro mais uma ou duas vezes com o mesmo sentimento de revolta, mas também com a mesma cumplicidade, sempre presentes.
                                                           Cristina Amaro

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